Gastrobirra Home Made: um “puertas cerradas” em Florianópolis

Não há nada como a comida feita em casa. Então agora imagine que você tenha um(a) chef de cozinha em casa que lhe prepare um jantar, seja um prato comum ou uma refeição considerada “alta gastronomia”, com toda a técnica, sabor e apresentação dignas de um restaurante. Agora pense no seguinte cenário: comida caseira, chef em casa, e não é a sua casa. Não precisa lavar a louça nem se preocupar com a organização.

É com essa idéia que cresce dia após dia o que já tem nome: o puertas cerradas. Ou antirrestaurante, home bistrots ou ainda underground restaurants. A idéia é a mesma: um restaurante na casa do chef onde você só entra se for convidado e com reserva, limitado a poucos participantes, para onde além de uma experiência gastronômica num ambiente familiar, você conheça sua casa, seus amigos, desfrute boas conversas e faça novas amizades.

Truta com tiras de bacon sobre cama de batata confitada
Truta com tiras de bacon sobre cama de batata confitada

Quando o Guilherme Schwinn — Chef, Sommerlier de Cervejas e meu conviva — me falou da idéia do antirrestaurante eu fiquei surpreso. Primeiro porque além de ser amigo dele e ter experimentado não só a parte gastronômica e “cervejística” a que fui apresentado com esta relação, conheço também o lado profissional dele. Já tive a oportunidade de participar de alguns de seus trabalhos, como a harmonização entre pratos e cervejas, o que também me deixou surpreso, já que poucos chefs fogem do lugar comum e confortável que é o vinho. Segundo porque assumir que gastronomia é uma arte que pode — e deve — alcançar a todos, independente do valor financeiro envolvido, não é pra qualquer um. Hoje pra ser cozinheiro, segundo a visão da maioria, você precisa baixar um exú de algum artista do cubismo e fazer coisas nonsense com comida, cobrar caro e vestir uma personalidade que não é sua.

Montagem do Gastrobirra Home Made
Montagem do Gastrobirra Home Made

E ele criou então o Gastrobirra Home Made. Imagino que seja o primeiro antirrestaurante de Florianópolis, não tenho notícias de que já exista alguém fazendo isso aqui. O projeto é home made por essência, pois até a mesa com capacidade para 20 pessoas instaladas em sua casa no bairro Trindade foi projetada e feita por ele.

Hamburguer de alcatra, gorgonzola e shitake
Hamburguer de alcatra, gorgonzola e shitake

Na última sexta-feira tive a oportunidade de participar de um home made. Um jantar baseado em hamburgueres. Foram servidas duas variedades: um com bacon e cheddar e outro com gorgonzola e shitake. Bacon é bacon e cheddar fazendo costado já dispensa comentários, mas como fã de cogumelos e queijo gorgonzola, devo confessar que a preferência pelo segundo prato foi inevitável. Ambos tiveram como acompanhamentos um molho de maionese caseira e Onion Rings. De sobremesa, ainda foi servido um brownie de chocolate com sorvete também caseiro.

Cervejas do cardápio: Way, Wäls e Damm.
Cervejas do cardápio: Way, Wäls e Damm.

Para beber tínhamos alguns rótulos de cervejas da Way Beer (Cream Porter, Irish Red Ale, American Pale Ale e Premium Lager), Wäls (Dubbel, Petroleum e Witte) e Damm (Weiss). Com o lanche eu pedi uma Wäls Witte e pra sobremesa escolhi a Petroleum, uma cerveja que já havia conhecido no Festival Brasileiro da Cerveja em Blumenau no início do ano, evento que também aportou o South Beer Cup onde a cervejaria de Belo Horizonte foi a grande vencedora. Me tornei um fã da marca desde então. Outro rótulo que também fez parte dessa degustação foi a Way Cream Porter, uma cerveja mais escura e encorpada, com aromas que lembram chocolate e café, e que também muito agrada o paladar deste que vos escreve.

A vantagem dessa degustação é que caso você ainda não tenha um gosto preferido ou queira ter uma melhor experiência de harmonização entre a bebida e a comida servida no antirrestaurante, o Guilherme além de Chef é Sommerlier de Cervejas. Ele te orienta, caso você queira ter essa experiência, nas combinações e escolhas dos rótulos.

O “combo” com dois hamburgueres, onion rings e brownie como sobremesa custou módicos R$25. As cervejas especiais, também bastante acessíveis, variando entre 9 e 20 reais. Não é cobrada nenhuma taxa de serviço e o local ainda conta com Wifi grátis. O pagamento é sempre em dinheiro.

E enquanto escrevia este post recebi o convite para o próximo home made: uma feijoada. Caldinho de feijão de entrada, feijoada com acompanhamentos como prato principal (arroz, farofa, torresmo, couve, banana milanesa etc.) e como sobremesa, pudim e ambrosia. Será no dia 30 de junho, sábado, às 12h30. Como o projeto é realizado por convites, não tenho como convidá-los por aqui, mas seja amigo do Guilherme no Facebook ou no Twitter e converse com ele caso tenha interesse em conhecer.

Mesmo suspeito pra falar, posso lhes garantir que a comida é excelente, a cerveja é ótima, o local aconchegante e o papo é de alto nível 🙂

7 thoughts on “Gastrobirra Home Made: um “puertas cerradas” em Florianópolis

  1. Eu, como não sou suspeita para falar (?), ratifico todos os termos acima expostos e destaco que o Projeto, ainda novo, só tende a melhorar.
    Falhas sempre existem no início e servem, justamente, para aperfeiçoamento.
    Em sua terceira edição, já conta com clientes/amigos que não param de dar dicas para os próximos e quase monopolizando o local.
    Por isso, para quem ficou interessado, é hora de ir atrás do Guilherme e fazer sua reserva.
    A minha, como sempre, está garantida.

    Ótimo post, Dani.

  2. Eu nunca tinha ouvido falar desse projeto até receber o convite do Gui.
    Confesso que esperava menos do que me foi oferecido e me surpreendi positivamente!
    Parabéns ao Gui pela ideia e ótima execução e a ti pelo sempre ótimo texto.

    Beijo

  3. Ainda não tive a oportunidade de participar do novo projeto do Guilherme (só porque eu moro longe, claro), mas posso dizer que conheço bem (muito bem) sua comida e sua hospitalidade. Não tem como não ser uma experiência super agradável! Já conhecia o esquema de antirrestaurantes, mas não porque seja uma coisa frugal. Nada disso! Tem sido a grande vedete em mecas da gastronomia como Nova Iorque e Londres (não, eu não sou viajada, eu vejo televisão mesmo. A ideia foi experimentada pelo chef Jamie Oliver – e aprovada, apesar de ser ele dono de restaurante. O moço entendeu e louvou a sistemática). A ideia principal de quem adere a esse “sistema” é fugir de preços muitas vezes abusivos dos restaurantes, da impessoalidade desses lugares e da pressão que sempre existe de “comer-pagar-sair rapidinho da mesa!!! Ora, comida boa é sempre indispensável, alie isso a conforto, descontração, interação com pessoas interessantes e falta de pressa – você pode apreciar a experiência sem ficar sob os olhos reprovadores dos garçons. É um “must do”, sem dúvida.

    Beijos

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