Recanto dos Açores: O chef Nivaldo contra-ataca

Não sou dos xirús que se apegam a nomes de chefs e a sua parentela pra viver uma boa experiência gastronômica. Já foi provado estatisticamente pelo Instituto de Pesquisa Estatística Eu Mesmo que experiência boa é orelhana, não necessariamente tem marca e sinal. Quanto menor a expectativa menor será a chance de dar com os burros n’água.

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Mas existem alguns nomes que investem mais que sua capacidade de pagar um bom marqueteiro, eles colocam acima de tudo o amor pela comida que fazem e a vontade de se superar na frente de qualquer coisa. A comida deles geralmente é um pouco mais cara,  arrumemos um bom advogado e processemos o capitalismo por isso. Mas até que saia a sentença e o processo esteja tramitado em julgado, quem pode viver uma boa experiência que aproveite.

Esse é o caso do Chef Nivaldo e do seu mais novo filho Recanto dos Açores. Lá você não entra pra comer uma montanha de camarão à milanesa que alimenta a quarta geração dos Silva Souza, vive-se uma experiência gastronômica ímpar.

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Começa pelo lugar que é maravilhoso. Na beira da praia do Caminho dos Açores, ali na pacata e simpática Santo Antônio de Lisboa, a vista até onde o olhar alcança é deslumbrante. Em dias de Sol, pode-se jogar uma cachacinha pro santo da preferência e agradecer o Criador por tamanho presente.

A comida é de bater palmas. Começa que Nivaldo é pescador, não é a toa que é um excelente discípulo no Recanto dos Brunidores, que outrora fora comandado por ninguém menos que Narbal Corrêa, citado aqui no meu último post. Com produtos mais frescos impossível, capturados por quem entende do riscado, e com os temperos certos fica mais fácil fazer dar certo.

Se você não conhece a comida deste pescador cozinheiro eu recomendo partir do princípio: menu degustação. É nele que se concentra o conceito de uma casa ou de um Chef, é pelo menu degustação que se conhece a estirpe e a mão de quem produz, estando ele presente na casa ou não. Pedi o Menu Degustação da Casa (R$130 por pessoa) e o resultado vemos a seguir.

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Se você gosta das minhas indicações, guarde este mantra para quando for visitá-los: “eu vou experimentar o patê de ouriços negros. Eu vou experimentar o patê de ouriços negros. Eu vou experimentar o patê de our…” Você olha aquele bicho todo espinhento e pensa: não vai sair coisa boa dali. Mas quando chega à mesa aquele patê com os pães artesanais você quer apenas morrer na beira da praia comendo isso.

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Agora temos mais entradas frias, um carro alegórico da Acadêmicos da Boa Mesa adentrando na passarela do prazer gastronômico. Tartar de garoupa, bem temperado, coberta com caviar de tapioca; ostras e mariscos com molhos especiais do chef, alguns bem cítricos, outros mais curtidos do jeito que a natureza manda.

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Depois uma entrada quente: escondidinho de garoupa com abóbora kabotya. Vá devagar, pequeno padawan, chega bem quente na mesa, pra manter as características e o sabor, uma delícia.

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Mais uma quente: polvo crocante com dadinho de batata-doce.

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E aí vem o prato principal pra fechar com chave de ouro esta comilança desenfreada, que só de escrever este texto já me deixa saudoso do Recanto: Postas de garoupa e camarões Rosa grelhados na brasa, guarnecidos com uma mousseline de batata baroa (batata salsa, batata aipo, mandioquinha, como preferir). Prato bem servido e saboroso. O ponto do peixe é fantasticamente perfeito, é suculento, consistente, de comer rezando. A mousseline dá o toque adocicado e a cremosidade que contrapõe a crocância do camarão. Pediria pra trocar meu Natal por este prato, se pudesse.

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Tem até uma sobremesa à base de sorvete cujo nome não há escrito nem falado, mas é bem boa também.

A conta fechou em cerca de R$150, para uma pessoa, com bebidas. A recomendação é que você visite o quanto antes!

Recanto dos Açores

  • Caminho dos Açores, 1595. Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis.
  • (48) 8432-0500
  • Aceita cartões

 

One thought on “Recanto dos Açores: O chef Nivaldo contra-ataca

  1. Endosso tudo que está escrito acima. Entrei no Recanto dos Açores por acaso, sem nunca ter ouvido nada a respeito antes, e sequer notado a existência deste lugar nas minhas buscas por restaurantes pitorescos em Santo Antonio de Lisboa. Foi um deslumbre, um anjo me conduziu para lá. O lugar é agradável, as pessoas simpáticas, e o chefe Nivaldo, um diamante escondido em Floripa. Seus pratos são saborosíssimos, beiram a perfeição. Como sou fotógrafo amador, fui convidado por ele a fotografar seus pratos. Isso me daria enorme prazer. Nivaldo ficou de me ligar para combinarmos a sessão das fotos. Passaram-se dois meses e ele não retornou a ligação. Por isso, não vou mais aguardar. Voltarei lá imediatamente para saborear a melhor gastronomia da Ilha.

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