Recanto dos Brunidores: polindo pedras e paladares

Fico entusiasmado quando um restaurante tem história pra contar. Não bastasse até pouco tempo o Recanto dos Brunidores ter sido liderado pelo chef Narbal Corrêa, considerado pelos seus colegas como o cozinheiro que mais conhece de frutos do mar de Florianópolis, o restaurante ostenta este nome porque está num terreno na beira do costão dos Ingleses do Rio Vermelho, ao lado de uma oficina lítica, um museu a céu aberto.

Oficina lítica
Oficina lítica

As oficinas líticas eram os locais onde os grupos pré-coloniais poliam seus objetos de pedra, geralmente utensílios. Para este polimento era utilizada a técnica de brunimento, por isso o nome do restaurante, onde utilizava-se de areia e água em atrito com a rocha (a oficina lítica propriamente dita). Em quase todo o costão sul da praia você pode notar pedras com marcas dos brunidores.

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Agora quem está no comando da cozinha do Recanto é o Nivaldo Souza. Assim como Narbal, é um exímio pescador e conhece as nuances do mar e dos pescados. Sempre que pode traz da própria pescaria os frutos do mar que serão servidos no restaurante. Esse é um detalhe muito importante do Recanto dos Brunidores: é um restaurante simples. Confortável e agradável porém sem muito luxo e requinte. A diferença está no que realmente importa, na comida. A matéria prima utilizada nos pratos é que fazem toda a diferença. Não só os frutos do mar saem da própria água dos Ingleses, como também contam com horta e aquário para a conservação dos ingredientes. Um legítimo membro do slow food no norte da Ilha de Santa Catarina.

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A visita que fiz no domingo ao Recanto dos Brunidores foi fantástica. Há tempos devia uma visita ao restaurante, não só pelo respeito que ele tem e que atiça quem gosta de comer bem, mas também por indicação de vários amigos e leitores (Oi, Ramila!). Mal rompia a aurora nos confins do firmamento, o prenúncio de um dia bonito na capital dos catarinenses me fez saltar da cama mais cedo para a visita. É fácil chegar lá: basta seguir na Estr. Dom João Becker, que dá acesso ao Sul dos Ingleses e que termina na subida para o Santinho e estacionar por ali. Entrando na praia, caminha-se por cerca de 10 minutos até o costão Sul onde está localizado o restaurante.

Mas vamos falar de comida? O cardápio é bem completo, tem praticamente uma opção para cada gosto. Oferece frutos do mar pra todos os paladares. Nas entradas, opções frias e quentes. Pedimos uma de cada.

Ostras Vivas
Ostras Vivas

Nas frias, escolhi as Ostras Vivas. Ostras in natura, sem adição de qualquer tempero, ainda vivas, servidas com pedaços de limão para temperar. Come-se na casca, como toda boa ostra. Mais frescas e saborosas impossível.

Lula à Dorê
Lula à Dorê

Nas quentes, optamos pela Lula à Dorê. Um clássico da culinária ilhoa e muito bem preparada pela cozinha do Nivaldo. Firmes porém macias e muito saborosas.

Camarões Rosa com Creme de Abóbora Seca e Gratinados
Camarões Rosa com Creme de Abóbora Seca e Gratinados

Eu estava com vontade de experimentar o camarão. Então para o prato principal fui de Camarões Rosa com Creme de Abóbora Seca e Gratinados. Este prato acompanha uma porção de arroz branco. Tudo muito simples mas muito bem preparado e temperado, do jeito que o manezinho gosta.

Garoupa e Camarão grelhado com purê de Taiá Trufado
Garoupa e Camarão grelhado com purê de Taiá Trufado

Experimentei também a Garoupa, Camarão Grelhado e Purê de Taiá Trufado. Esse é só mais um exemplo de que a grama do vizinho é mais verde, isso me ocorre com certa frequência, não desmerecendo o meu camarão rosa que estava delicioso também.

Polvo Crocante com Batatas ao Murro
Polvo Crocante com Batatas ao Murro

Deus-me-livre esquecer de citar o Polvo Crocante com Batatas ao Murro. Não comi, mas quem comeu o fez lambendo os beiços. E também manja muito de comida.

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A casa é bastante convidativa. O ambiente é arejado, tem vista para o mar e toda a praia dos Ingleses. Tem lugares muito confortáveis e recomenda-se uma reserva antes.

O atendimento foi perfeito. Trouxe tudo sempre corretamente, desde as bebidas, a atenção com os pedidos e a gentileza em servir-nos. Todos os pratos são preparados na hora e são servidos juntos. Vale a máxima que toda boa comida pode demorar um pouquinho pra ficar pronta.

O preço é equivalente ao que é servido. De primeiro momento achei um pouco salgado, mas no decorrer do serviço e, principalmente, na degustação, a dúvida foi-se junto com as ondas da linda praia que tinha como vista. As entradas, bebidas e a comida custaram cerca de R$95. A taxa de serviço é opcional.

Ademais, não há outra conclusão a não ser convidar você pra fazer este belíssimo passeio ao costão Sul dos Ingleses, conhecer as oficinas líticas e comer no Recanto dos Brunidores. É um programa que agrada toda a família e todos os paladares.

Recanto dos Brunidores

  • Endereço: Costão Sul da Praia dos Ingleses do Rio Vermelho. Florianópolis.
  • Telefone: (48) 9972-2143
  • Horário: De terça à domingo, almoço à partir das 12h e jantar das 18h. Recomenda-se fazer reservas.
  • Aceita cartões: não

12 thoughts on “Recanto dos Brunidores: polindo pedras e paladares

  1. Olhando essas fotos dos pratos deu água na boca!!!

    Mas não aceita cartão???? Hoje qualquer biboquinha aceita!!! Até vendedor ambulante de cerveja em torno do estádio aceita cartão!!!

    Vamos se atualizar Recanto dos Brunidores!!!

    Abraço

  2. esse polvo me deixou surtado…

    pra ajudar e lembarndo meus 3 anos de revisão num porão de jornal…achei um R sobrando.

    “O preço é equivalente ao que é servidor”

    Mas é pra ajudar a ficar redondonho, viu? não vai fazer outro post me chamando de pélassaco. Fiquei louco com esse restaurante. Vou lá.

    hugs

    1. hahahahahaha, valeu meu caro! Já corrigi aqui, as vezes a gente come bola mesmo e conta com os leitores amigos pra correção 🙂 Sobre o polvo é uma delícia, vai lá qualquer hora com a família, vale muito a pena o passeio! Abraço, Frank!

  3. Péssimo!
    Demoramos para encontrar o restaurante, andamospela praia até chegar no prometido oásis… Quando chegamos, um garçon muito atencioso disse que as mesas estavam reservadas, mas que poderia nos acomodar no deck. Pedimos vinho branco e ostras de entrada, e o atendimento foi ótimo! Como a mesa demorava, conversamos com a garçonete para que o menu degustação fosse iniciado, ela nos ibformou que a cozinha tinha capacidade de atender apenas as mesas, e que assim que alguma fosse liberada, o menu seria servido. Ok, aguardamos. Por 3 HORAS!? Quando a mesa foi librada, a mesma garçonete, num constrangimento sem tamanho, nos disse que o menu não seria servido. Hein?! Pedimos a conta e fomos pagá-la no balcão: a gerente deu explicações cheias de sentido, como “se vcs tivessem um comércio” (opa, já tive!), e que “a culpa era da garçonete”, e ainda que “quem mandava era a cozinha”… No mesmo momento o chef apareceu, perguntando se tudo estava ok (rsrs), e ao contarmos nossa decepção, disse “muito obrigado, sinto muito” e virou as costas. Fomos embora sem almoçar, megadecepcionados!!! Um chef/proprietário permite que seus clientes aguardem 3h e vão embora de barriga vazia??? No mínimo, amador! Fora o fato de que não se pode pagar no cartão, o que soubemos só no acerto. Achei que ia lavar pratos sem ter comido! Kkk graças ao iPhone, fizemos um .doc e fomos embora, rumo ao Rancho da Canoa….

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