A vida nos prega peças engraçadas. E uma dessas peças faz o meu coração ficar um pouco apertado ao começar a desenvolver o início deste texto. Escrevo-o sim com uma enorme emoção do que vi e vivi, mas com um gosto de injustiça porque quem deveria estar relatando o que aconteceu no fatídico 17 de novembro do corrente ano era o meu amigo Everton Veber. Não que eu seja incapaz, mas maior fã de Renato Borghetti não há. E como numa tentativa de domar essa pena contida eu abro essa resenha com um vídeo que eu mesmo gravei, foi no ano passado no show da cantora Shana Muller em Florianópolis, com participação especial de ninguém menos que ele, Borghettinho, que assisti a convite dele mesmo, o Veber.
Essa música chama-se Barra do Ribeiro, que também é o nome da cidade que viu Renato Borghetti nascer e ganhar aos 10 anos de idade do seu pai o primeiro acordeon. E essa gaita de botão, que ao vê-la pessoalmente no último fim de semana me chegou a levantar o pêlo, está juntamente com outros apetrechos na Fazenda do Pontal, num lugar magnífico chamado Pousada Recanto Borghetti. E na verdade nunca saíram de lá.
A Pousada Recanto Borghetti fica às margens do Rio Guaíba, por onde as pessoas também podem chegar com sua embarcação vindos da capital ou subindo a Lagoa dos Patos. Eu cheguei por terra saindo de Porto Alegre pela BR 290 e depois pela 116, acessando por Guaíba. E fui muito bem recebido.
Parei o carro na frente da pousada e logo fui dando um Oh de casa! pro seu Diogo, uma figura ímpar que gerencia o negócio da família Borghetti. Fomos convidados a entrar, recebemos uma comanda de consumo e procuramos uma sombrinha pra cevar o primeiro chimarrão. Não demorou até que recebêssemos uns petiscos para acompanhar o mate, talvez os bolinhos de arroz mais saborosos que já comi até hoje, fritos na hora, ainda bem quentes.
A proposta da pousada não é oferecer só a hospedagem ou abrir o restaurante para almoço de gente de fora. Você pode ir até a Fazenda do Pontal passar o dia. Isso porque com uma grande infra-estrutura oferece além do restaurante para 100 pessoas e uma área externa com mesas para mais outra centena, lá você tem piscina, cancha de bocha, dois campos de futebol, uma quadra de vôlei, playground e casa na árvore para as crianças, salão de jogos, poltronas a volta de um fogo de chão, sala de TV, um trapiche que vai 180m rio adentro para pesca e chegada de barcos, churrasqueiras, passeios à cavalo…
Sem contar, é claro, a calma e o clima do campo. O contato com a natureza, as sombras das árvores, os animais mansos que transitam pela fazenda… ovelhas, cavalos, cachorros, todos eles em perfeita harmonia com os visitantes. Pude chegar bem perto das ovelhas, por exemplo, fazer algumas fotos. Enquanto outro grupo jogava bocha, uma família pescava no trapiche e outros como nós apenas aproveitaram a paisagem e o chimarrão debaixo de uma enorme figueira.
O galpão onde é servido o almoço é enorme. Dois ambientes internos, sendo o segundo um mesanino, aportam confortavelmente 100 pessoas. Para eventos, diz o proprietário, 450 pessoas tranquilamente podem ocupar a fazenda.
Por volta das 13h o seu Diogo tocou a sineta, o almoço estava servido. Era hora de ir até o grande e rústico galpão aproveitar as delícias da cozinha campeira típica gaúcha.
Começava com um buffet de saladas, passávamos pela churrasqueira onde as carnes eram cortadas na hora e nos servíamos de costela de gado, entrecôt, linguicinha, galeto ou coração. Ao lado, dois fogões à lenha mantém aquecidas panelas de ferro com arroz branco, um típico e muito saboroso arroz de carreteiro e feijão tropeiro. Além disso, o tal bolinho de arroz fantástico que recebemos na entrada, abóbora caramelada e aipim, que é acompanhamento já corriqueiro do churrasco gaudério.
A comida é muito simples, mas muito saborosa. Todas as carnes no ponto certo de comê-las, a costela estava quase desmanchando e estava muito bem temperada. O arroz de carreteiro era outra iguria que me deu vontade de carregar a panela pra casa, muito bem preparado, como só um gaúcho sabe fazer. A dica é experimentar um pouquinho de cada coisa, afinal o buffet é livre.
No final ainda tivemos sobremesas. O já tradicional sagú de vinho tinto, com aquele creme pra adorná-lo, e o meu preferido, a ambrosia, todos eles muito bem preparados e deliciosos.
Depois da bóia, a digestão foi feita com a melhor paisagem que se podia ter. Cada qual estendia sua manta na grama e na sombra do arvoredo e aproveitava a aragem que vinha do Rio e embalava a sesta folgada e tranquila de quem ali passava o dia.
O preço? de graça. Sim, não dá pra considerar o valor. Sério mesmo, a fazenda cobra módicos R$30 por pessoa com o almoço incluso (exceto bebidas). Posso garantir que recebi muito mais do que gastei, ou investi, como preferem alguns.
Ponto negativo? Ter que voltar pra casa. Até os 9km de estrada de chão que liga Guaíba à Barra do Ribeiro foi muito bem aproveitada no passeio.
Se você está na região da Grande Porto Alegre e quer se livrar do barulho e do trânsito da cidade grande, faça uma visita. Se está mais longe, hospede-se por lá, converse com o seu Diogo e veja como desfrutar deste paraíso quase perdido do outro lado do rio.
Pousada Recanto Borghetti
- Endereço: Estrada Geral de Barra do Ribeiro, 8093. Barra do Ribeiro, RS.
- Telefone: (51) 3335-1824
- Horário: aberto para hospedagem e almoço aos fins de semana.
- Aceita cartões: não, pagamentos somente em dinheiro
- Estacionamento: sim
Aiiiii, que saudades da minha terrinha!!! Esse lugar é o cheiro e alma do meu Rio Grande!
Adorei o post!!!
Fiquei com vontade de conhecer.
Obrigado pela lembrança, amigo.
Com toda certeza desse mundo, um dia iremos pescar no Guaíba e comeremos uma costela bem gaucha ao som de uma botoneira véia!
Que inveja branca! 😛
Bom Dia
Ainda teria alguma data para novembro ou inicio de dezembro para um evento? quantas pessoas no mininmo ? qual valor por pessoa?
Oi Joana, bom dia! Vamos às respostas, na mesma sequência:
Não sei. Não sei. Não sei.
Nós não somos o restaurante, apenas temos um blog onde escrevemos sobre nossas experiências gastronômicas. O telefone do lugar está no post, basta ligar e perguntar, ou tentar achar no Google (www.google.com) as informações de site, fanpage no facebook etc.
Adorei como descreveste o lugar, pude “quase” me sentir lá. Já havia ouvido , sobre esse lugar, por um amigo, aliás, o qual foi o arquiteto responsável pelas benfeitorias existentes no Recanto, mas ainda não fazia idéia do que encontrar, porém aos pesquisar na internet , além de encontrar o site da Pousada, encontrei este artigo, o que me deixou mais curiosa ainda pra conhecer….Logo estarei fazendo uma visita de final de semana á este recanto muito belo, que reúne a beleza do campo, do Guaíba e das tradiçoes….