Morei dois anos em Ribeirão Preto (SP), e apesar de nunca ter ido à choperia mais badalada da cidade — juro! — garimpei muitos lugares bacanas para comer bem gastando pouco. Aliás, uma das características marcantes de Ribeirão Preto é a variedade gastronômica e o baixo custo da comida. Com o dinheiro de um almoço mediano no Rio de Janeiro (minha residência atual) é possível almoçar bem por quatro dias em Ribeirão. E tem para todos os gostos, desde rodízio de pizza a preços populares, passando por comida japonesa de alta qualidade até a mais requintada cozinha internacional, com pratos temperados com trufas e outras especiarias igualmente dispendiosas.
Meu gosto por restaurante é o velho e desgastado clichê “BBB”: bom, bonito e barato. E dentro dessa proposta conheci recentemente um restaurante que ainda é novo na cidade, mas que me agradou o suficiente para eu vencer a resistência de escrever sobre o assunto. Falo do Bifão Pantaneiro, cuja cozinha é especializada na culinária pantaneira, ou seja, típica do Mato Grosso do Sul.
Fui ao Bifão Pantaneiro a convite de um amigo, e não sabia o que esperar do restaurante, e passo a narrar agora como foi essa experiência.
Ao chegar no local duas coisas impressionaram: a simplicidade despojada do lugar, e a limpeza absoluta de tudo. Claro que em se tratando de restaurante o mínimo que se espera é higiene exemplar, mas no caso do Bifão Pantaneiro essa limpeza salta aos olhos, tornando junto com a iluminação generosa a estada no restaurante — uma casa adaptada — bastante agradável.
O prato que meu amigo escolheu foi a chuleta pantaneira, que é uma delícia, acho bom adiantar. Trata-se de um pedaço de chuleta de 400g feita na chapa, ao ponto que o cliente pedir: mal passada, bem passada, ou intermediária (o meu favorito). É um prato que tem sabor do que realmente é: carne bovina de alta qualidade.
No início falei que a simplicidade de tudo impressiona, e os acompanhamentos da chuleta pantaneira também são de uma simplicidade extrema, e totalmente adequada a um representante da culinária pantaneira.
Na pista quente encontramos apenas arroz branco deliciosamente temperado, tão gostoso que dá vontade de comer puro; aipim cozido (que em São Paulo chamam de mandioca); e uma farofa temperada que é quase uma experiência transcendental de tão boa.
Na pista fria encontramos as saladas mais frescas e selecionadas que já vi na vida: alface e rúcula cuidadosamente escolhidas, folha por folha, acomodadas com esmero para o cliente não precisar se preocupar com absolutamente nada. Além das folhas verdes, tomate e cebola à vinagrete e um tal de molho de alho de sabor tão suave e agradável que dá vontade de encher um prato de sopa e tomar o molho de colher.
As bebidas servidas pela casa também estavam — e estou certo de que é praxe — muito geladas, condizentes com o clima quente de Ribeirão Preto, principalmente no verão.
Depois de comer como quem reza silêncio tivemos oportunidade de conversar com os proprietários do estabelecimento: gente jovem, idealista, atentos ao que o cliente tem a dizer, ávidos por feedback com o objetivo de aprimorar os serviços prestados para melhor atender aos felizardos que vão lá para saciar a fome e ter o prazer de comer carne com gosto de carne.
No final, a conta veio uns trocados acima de sessenta Reais para nós dois, incluídas as bebidas e a taxa de serviço.
Das próximas vezes que eu for lá quero experimentar os outros pratos, mas a próxima pedida será, com certeza, o frango pantaneiro.