Bistrô d’Acampora: a boa lembrança de Zeca nas mãos de Betinho

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Ainda não conhecia o Bistrô d’Acampora. O conhecia, de nome e de fama, mas não saberei explicar quais os motivos culminaram para que minhas andanças nunca chegassem àquele canto de Santo Antônio de Lisboa. Não bastasse toda a sua competência firmada pelos reviews positivos do lugar; também não bastasse a insistência e a perseverança da Michele para que eu conhecesse logo a casa; a gota d’água foi o Prato da Boa Lembrança. Iniciei minha coleção em janeiro deste ano e tamanha foi minha surpresa ao saber que um dos raros representantes desta organização aqui em Santa Catarina era a casa criada há alguns anos pelo Zeca d’Acampora.

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O Zeca infelizmente já foi cozinhar pro Patrão Velho, não o conheci. Mas se o discípulo sempre supera o seu mestre, e isso é mais das vezes uma grande assertiva, tenho certeza que pude fazer um resgate histórico na memória gastronômica do lugar, apesar de versátil e renovada a cada ano, pelas mãos de ninguém menos que o Chef Roberto Bento, ou Betinho que o diminutivo confere qualidade apenas para sua estatura e não pela sua genialidade.

Betinho é um gênio. Não sou eu quem digo, mas todos que o conhecem e é unanimidade entre seus colegas de trabalho. Sua cozinha é simples, usa ingredientes nobres mas tem um preparo simples e nada rebuscado sai de suas mãos. A complexidade e grandiosidade de seus sabores estão no emprego dos seus temperos, suas texturas e capacidade de criação. Uma cozinha em que uma simples erva-mate, coisa que pouca gente imaginaria num prato, adornaria perfeitamente uma carne de porco. Ou o milho verde que ficaria perfeito num pudim. Ou uma releitura do ratatouille que combinaria excepcionalmente com polvo.

E foi isso que experimentei na fatídica noite da última terça-feira.

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Fomos recebidos com um delicioso couvert. Uma cesta de torradas com patês maravilhosos como o de foie, terrine de salmão e tomates confitados no azeite.

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Mas comecei o jantar pela entrada, como manda o figurino. Escolhi o “Polvo”. Isso mesmo, apenas “Polvo”. O prato vinha mais coisas, e sua descrição no cardápio está logo abaixo deste curto enunciado, mas como todo bom bistrô nada de modismos e nomes rocambolescos pra fazer referência a uma comida simples. Polvo é uma salada de polvo confitado em azeite, servido com legumes assados, farofa de ervas e azeite de coentro. Simples. Simples e saborosíssimo. Sempre digo que se um restaurante me faz adorar comer legumes e salivar por eles é porque realmente merece destaque. O polvo dispensa comentários. Macio e delicioso o definem.

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O prato principal já é sabido: O Prato da Boa Lembrança. Este ano o Bistrô d’Acampora oferece o “Tche Uai”, também criação do Chef Betinho onde ele homenageia sua parcela grande de clientes e amigos mineiros e gaúchos, e suas duas culinárias que o inspiram e que juntas neste prato trazem a costelinha suína assada lentamente no forno após horas marinando no seu tempero especial com uma crosta de erva-mate, molho roty, mousseline de aipim e couve mineira refogada.

Meu pai do céu, que vontade de CASAR com esse prato. Não tivesse eu uma linda namorada cujo pedido de casamento não tardará em acontecer, teria pedido ali mesmo, de joelhos, com anel e tudo, COSTELA CASA COMIGO!

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Falar em linda namorada, a Aline pediu de sobremesa um Petit Gateau. Agora sei com quem a Bárbara, chef do Santa Marta, aprendeu a fazer esta deliciosa iguaria. Delícia!

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Mas me surpreendi de verdade foi com o Pudim de Milho Verde, que foi servido em cima de uma gallete de côco com chocolate branco e uma calda de pimenta dedo de moça, que deu um toque todo especial à sobremesa.

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Se a gastronomia tem o poder de nos conectar às memórias do passado da nossa existência através dos sabores, aromas e texturas, acreditei piamente na serenidade de um ateu que ela pudesse de alguma forma me conectar ao passado do próprio restaurante, que ainda que sempre renovado em seu cardápio com releituras e novas criações me fizeram ter uma boa lembrança não somente no Tche Uai, mas também a do Zeca, que mesmo não tendo-o conhecido, deixou o Betinho pra firmar seu legado e ser mais que um mero coadjuvante na cozinha, mas um grande e respeitado cozinheiro.

Este juntar custou aproximadamente R$120 e cada centavo foi investido com um sorriso no rosto e no bolso.

Bistrô d’Acampora

  • Endereço: Rod. SC 401, km 1o. (logo após a praça de pedágio desativada, sentido norte da Ilha).
  • Telefone: (48) 3235-1073
  • Aceita cartões: sim
  • Estacionamento: sim

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