Sobre as delícias produzidas em food trucks

Há exatos dois meses vim morar temporariamente nos EUA para fazer parte do meu doutorado. Além de todos os planos de trabalho, fiz também um planejamento modesto de atividades de lazer (afinal, eu também mereço). Como já aconteceu em outras viagens, mais da metade das atividades programadas pra folga incluíam comida-restaurante-mercado-feira. Felizmente aqui essa lista ganhou um novo item – food trucks. Diferentemente do Brasil, em que só agora SP aprovou um decreto para comercialização de comida de rua (além de cachorro-quente e feira), aqui nos Estados Unidos essa cultura é fortíssima há décadas.  Segundo o instituto de pesquisa IBISWorld o comércio de comida de rua cresceu 8.4% entre 2007 e 2012, um dos índices mais altos dos últimos anos. Para isso acontecer de maneira organizada, os vendedores precisam obter diversas e licenças, sendo que cada cidade e/ou estado possui sua própria legislação, incluindo frequência de inspeção, locais aprovados, entre outros aspectos. Mas enquanto não chegamos nesse nível no Brasil, e torcendo para que isso aconteça logo, aproveito para conferir como as coisas funcionam por aqui. Além de poder checar a localização de cada food truck no dia a dia nas redes sociais, eventualmente eles se concentram em eventos especiais como, por exemplo, em um food truck rodeo ou eventos de música. Na semana passada fui conferir um desses eventos, que contava com cerca de 10 food trucks reunidos em uma praça, no fim de uma tarde de verão, ao som de uma orquestra local de jazz.  E aí é assim: tem idoso, tem casal, tem grupo de amigos, criança correndo, cachorro pedindo comida (alguns rodeos não aceitam mais cães :/ ). Você pode levar sua cadeira reclinável, abrir uma garrafa de vinho e ficar lá curtindo. Junte a isso uma comida muito gostosa e, pronto, não tem como dar errado.

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Mas como estou aqui pra falar de comida, vamos lá. Apesar da fila gigantesca, resolvi tentar o Gussys, especializado em comida grega.

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As opções eram ótimas, incluindo várias que eu ainda não conheço, mas como não consigo resistir a um bom falafel essa foi minha escolha: falafel pita com molho tatziki.

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O falafel deles é excelente, bem temperado, e o que mais me deixou feliz foi encontrar esse lindo falafel escondidinho no meio da alface quando eu achava que já tinha terminado tudo e só tinha sobrado alface+pita. Nota 10 pro elemento surpresa.

Depois disso, sobremesa! Assim que cheguei aqui, um dos primeiros trucks que descobri na internet foi o Belgian Waffology – especializado em waffles belgas, caso o nome não tenha sido claro o suficiente.

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Desde que vi o cardápio no site ele virou meu objeto de desejo e, por muita sorte, eles estavam presentes. Então, sem dúvidas para a sobremesa. O François, ou waffologist, como ele se denominou, é um belga muito simpático, com um mestrado em psicologia, que veio para a Carolina do Norte com a esposa para ficar alguns meses e nunca mais voltou. Depois de um período em Nova Iorque para se aperfeiçoar resolveu montar o Belgian Waffology (merci, François). É possível escolher entre dois tipos de massas de waffle e adicionar as coberturas que quiser, ou escolher entre as opções já prontas do cardápio. Eu já sabia o que queria e era algo bem simples: um waffle liege com nutella e morango. Simples, porém delicioso.

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As fotos não fazem jus ao tamanho e muito menos ao sabor. Certamente continuarei perseguindo esses waffles por aqui. Com a barriga cheia e a alma feliz contabilizei os gastos da noite, que incluíram uma garrafa de água: 13 dólares.

No caminho para casa fiquei pensando em quão agradável pode ser juntar, ao ar livre, música boa, comida bem feita e se gastar muito pouco por isso. E em vez de lamentar, preferi acreditar e torcer muito para que um dia eventos assim também se tornem rotineiros no Brasil. Com tanta energia boa, todos saem ganhando.

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