Dizem que o trocadilho é a mais baixa forma de humor. Baixa, é claro, no sentido de ser pobre, de fácil confecção e pronta na língua de quem quiser. Mas não deu pra fugir dele neste post, não com os fatos vindouros neste texto. Amélia, chef e proprietária do Bistrô Varanda, já deve ter ouvido muitas piadas com o seu nome por conta do samba composto por Mário Lago e Ataufo Alves. E de antemão peço desculpas pra ela abrindo aqui o compromisso de compensar o trocadilho infame com um post contemplativo à sua comida.
Contemplar, segundo o dicionário, é um verbo transitivo direto quer dizer “ver ou observar com admiração”. E é o que você, nobre leitor, vai poder fazer neste post pois aqui estou munido apenas de imagens e palavras, mas que fique claro nesta introdução — e já vou às vias de fato — que foi a palavra que me veio a todo momento quando estive no restaurante, e o fiz com todos os sentidos possíveis.
O Bistrô Varanda é um pequeno restaurante localizado no bairro Córrego Grande com grande foco na culinária portuguesa embora busque algumas referências em outras regiões européias. O bacalhau, seu carro-chefe, é servido de várias formas. Oferece também risotos e batatas suíças (rösti), além de algumas saladas e pratos a base de carnes.
O ambiente, como não poderia deixar de ser, faz referências à cultura portuguesa e tanto em objetos como mobília, propõe um jantar aconchegante e bastante tranquilo. Não é muito iluminado ofuscando o conforto e nem muito escuro dando sono. Completa o serviço um atendimento bastante atencioso e gentil, que trouxe todos os pratos corretamente, atendeu-nos de forma precisa e me deixou muito, muito satisfeito (ah, se todos os restaurantes fossem assim!).
Comecei escolhendo uma das entradas, um pequeno e saboroso pastel de camarão. Já que ia comê-lo no prato principal quis dar uma variada, embora o pastelzinho e bolinhos de bacalhau também parecessem muito apetitosos.
Antes do prato, recebemos uma saladinha de cenoura e alface com um molho à base de alho e cebola.
O prato, como posso descrever? Eu ia soltar um puta que pariu! aqui, mas lembrei que preciso manter a pose de bom moço pros meus leitores. Escolhi um Bacalhau à Gomes de Sá que não foi finalista das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa por acaso. E apesar de não ter entrado neste seleto grupo, mais por mérito dos concorrentes do que falta de atributos necessários para ser considerado um grande prato, agrada bastante o paladar dos irmãos lusófonos. E o Bacalhau à Gomes de Sá da Amélia é uma delícia, vocês precisam experimentá-lo. Lascas de bacalhau, pedaços de batata e ovos cozidos, cebola, azeitonas pretas e salsa regados com azeite português de altíssima qualidade. Amélia não economiza no bacalhau.
Caso você não queira escolher um peixe, pode ir numa carne. Experimentei o Filé Mignon ao molho de Funghi Porcini que é acompanhado de uma batata suíça simples. Veio no ponto certo, com molho abundante e bastante interessante também. Macia e suculenta agrada bastante o paladar.
Todos os pratos são bem servidos. Apesar de serem porções individuais precisa pelear bastante pra conseguir terminá-lo, ainda mais se ele sofrer um banho de azeite, como o degustei. Quem me conhece pessoalmente sabe que eu não me entrego fácil. Mas tergiverso…
Pra fechar a refeição, como se ainda sobrasse espaço, mais por amor à camisa e pra compartilhar com vocês do que necessariamente apetite para continuar comendo, escolhi um pastelzinho de nata. Esse sim eleito uma das 7 maravilhas da culinária lusitana. A bem da verdade é o Pastel de Belém a verdadeira vedete do prêmio, mas este não deixa de ser uma de suas variações comercializadas abrilhantando as doçarias dos nossos antigos colonizadores. Um pequeno cálice de Vinho do Porto não poderia faltar também.
No fim das contas, cada um gastou cerca de R$85, contabilizando refrigerantes, água e vinho além de entrada e sobremesa. Valeu cada centavo e só de revisar o texto acima eu estou com água na boca novamente. E olha que escrevo esse post apenas uma hora de pagar a conta e voltar pra casa.
Eu prometi que só ia falar bem da comida e não mais fazer trocadilhos, mas não resisto: ao fim de tudo, só posso concluir “Ai, que saudades da Amélia!”
Bistrô Varanda
- Endereço: Rua João Pio Duarte e Silva, 1197. Córrego Grande, Florianópolis.
- Telefone: (48) 3025-2166
- Horário: de terça à domingo para o almoço das 11h30 às 14h30 e de terça à sábado para o jantar a partir das 19h.
- Aceita cartões: sim
Uauuuu! Nunca tinha ouvido falar sobre esse lugar. Preciso ir urgentemente.
Obrigada, Becher!
Eu amei quando fui lá! Super bem servidos mesmo e atendimento excelente.
Bjs!