Cantim Mineiro: nem parece restaurante

Gosto de lugares onde serve “o que tem”. Eu acho cardápio supervalorizado #prontofalei.

Pra quem tem o hábito de comer fora de casa uma boa quantidade de vezes durante a semana acaba vez por outra enchendo os pacovás de ficar decidindo o que comer. Ou quando num buffet aquele monte de opções são uma afronta ao seu poder de decisão que já foi testado durante todo o dia numa quantidade irritante. A grande verdade é que as vezes você sai de casa e nem sabe o que quer comer, só sabe que precisa se alimentar e gostaria de ter o paladar surpreendido no que é muito mais que uma necessidade do corpo.

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E é por essas e outras que eu tenho verdadeira admiração por lugares como o Cantim Mineiro. Este lugar quase que escondido entre os gigantes já consagrados do Sambaqui traz em seu interior uma riqueza de experiências que de simples, como toda boa gastronomia deveria ser, surpreendem a cada minuto.

Na última sexta-feira deixei o centro da cidade e parti rumo à Rota do Sol Poente, acatando um convite do amigo Frank Maia para jantar uma sopa. Não sabia do que era, nem em que quantidade e menos ainda que jeito seria servida. Apenas fui até o Cantim Mineiro e deixei que a Thaís, paulista mas criada em minas e filha de restauranteur especialista na culinária típica mineira, comandasse a noite.

Das sopas, a única decisão que me coube foi o sabor. Escolhi a de Abóbora com especiarias. E experimentei também a de feijão com macarrão. Thaís é vegetariana, e o Cantin Mineiro tem essa pegada. E o que parece uma afronta à culinária de Minas Gerais, cai por terra quando ela se vira nos trinta pra dar sabor com pouca gordura e nada de carne. Você vai poder comer algum tipo de carne vez por outra no café, mas vá sabendo que ela pode não existir no dia.

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A sopa de abóbora é uma delícia. Entre um papo e outro com o amigo Frank e a Thaís, cuja companhia e conversa são tão agradáveis quanto sua comida, uma descoberta de alguma especiaria diferente naquela sopa. Descobri o gengibre, a laranja, ervas… é de certeza e de longe uma das melhores sopas que já tomei em Floripa.

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Servida em uma adorável panela de ferro, que além de charme e jeito de casa de vó garantem que a comida continue quente por um bom tempo, é muito bem acompanhada por uma cestinha com um pão recém feito. Um potinho com manteiga pra agregar sabor, mas nem precisava, os pães da Thaís também são sensacionais.

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Inclusive este de beringela que foi concebido enquanto estávamos lá, uma experiência de chef que me fez ter vontade de mudar pra Ilha novamente. Com ele, um bom azeite e geléias de gengibre e outra de pimenta.

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Também experimentei outra sopa, a de feijão. Mesmo sem as carnes que ornam o sabor do feijão mineiro, o tempero, principalmente o alho, garantem muito sabor, não devendo em nada para os “carnívoros”.

Eu já estava satisfeito mas queria aproveitar o único dia da semana em que a dieta pudesse ser quebrada. Ao perguntar para a Thaís o que tinha mais por lá, ela ofereceu uma omelete. O papo corria solto enquanto ela ia até a horta, buscava ervas, pegava os ovos numa cesta de arame em algum armário e aquele cheiro delicioso de manteiga derretendo na panela pairava no ambiente. O resultado foi esta omelete marguerita.

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Importante ressaltar que além do frescor dos alimentos que são comprados diariamente, e se possível produzidos de forma orgânica, tudo é preparado na hora. Talvez os fundos das sopas tenham um pré-preparo até porque demandam horas de cozimento, mas tudo é feito na hora. Você sente o cheiro da cebola e do alho refogando e pode acompanhar o processo de confecção do seu prato na porta que não existe entre a cozinha e o restaurante.

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Tem acesso inclusive à máquina de café espresso, numa espécie de bar na sala principal, ou mesmo pode acompanhar o café sendo passado na sua mesa, num mini-coador e numa caneca dessas de lata, garantindo a procedência mineira da casa.

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Seja para o café da tarde, para o pôr-do-sol incrível do Sambaqui ou mesmo para o jantar, ir ao Cantim Mineiro e comer a comida da Thaís é uma visita à casa da vó. Você não sente nunca que está num restaurante, mas na casa da sua família, com a única diferença é que na saída você paga. E paga pouco, por toda essa comilança que alimentaram muito bem duas pessoas a conta não passou de R$50. Ou melhor, irrisórios 50 reais, tamanha a surpresa de experiência do lugar.

Vá lá, faça uma visita pra Thaís e manda um abraço, diz que tô com saudade da sopa!

Cantim Mineiro Café

  • Rod. Gilson da Costa Xavier, 1428. Sambaqui. Florianópolis.
  • (48) 3209-2736

2 thoughts on “Cantim Mineiro: nem parece restaurante

  1. Olá Daniel,

    O Cantin é um baita lugar! Estou morando em Florianópolis há pouco mais de um ano com minha esposa e meu filho e o Cantin virou ponto obrigatório para levar amigos e familiares que nos visitam. Não bastasse a comida ser excelente e a vista espetacular, o atendimento da Thais nos dá vontade de não sair mais dali, de ficar papeando com ela o máximo possível. É um lugar para se ver, conhecer, degustar e retornar sempre!

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