Assistia no NatGeo um programa chamado Tabu Brasil. O episódio me chamou bastante a atenção, falava sobre dietas exóticas. Além da história de um professor de yoga que têm a proposta inusitada de parar de comer para viver de luz e conectar-se com o divino; além de um passeio gastronômico pelo mercado Ver-o-Peso em Belém do Pará onde existe uma poção afrodisíaca a base de pênis de boto e a tóxica mandioca brava que dá origem a maniçoba, a feijoada dos paraenses, o programa mostra alguns pontos de vista sobre o consumo de carne de cavalo no Brasil.
Comer ou não comer a carne de cavalo é uma questão cultural e religiosa. Há registros de que no século 8 o Papa Gregório III proibiu o consumo de carne de cavalo baseado na Lei Mosaica (o judaísmo utiliza a mesma lei para a de carne de porco e os crustáceos) porque a mesma era ingerida em rituais pagãos na idade média. Somente no século 19 é que os europeus se arriscaram novamente nesta carne, fortemente incentivados pelas necessidades geradas pelas guerras que o velho continente enfrentou.
Não só o cristianismo é responsável pelo tabu. A figura dócil do cavalo que é um bicho que até hoje tem sua serventia na locomoção dos brasileiros é um fator que pesa bastante nessa balança.
Existem alguns restaurantes que já servem a iguaria, em Minas Gerais por exemplo, cidade de Araguari, já existe frigorífico especializado na carne de equino. E acredite ou não grande parte da produção mundial de carne de cavalos vêm do Brasil, que dedica quase que toda ela para Europa e Ásia.
Falando em Ásia, já não é raro encontrar nos sushi bar do Japão uma espécie de sushi feito com carne de cavalo (bashimi). Neste vídeo vemos um cidadão fazendo um review num restaurante japonês mostrando como é servido.
Existem também as lendas urbanas. Uma delas versa de que as mortadelas comercializadas aqui no nosso país são compostas também por cavalo, além é claro dos mitos sobre as carnes usadas em hamburgueres de grandes redes de fast food.
A lenda da mortadela até talvez faça algum sentido, embora seja sumariamente descartada, uma vez que na Europa uma das maiores utilidades para a carne de cavalo é justamente a confecção de embutidos como os salames. Neste outro vídeo, em uma entrevista com um veterinário falando sobre preconceito sobre o hábito, ele afirma de que até 98% dos embutidos importados para o Brasil têm carne de cavalo na mistura.
Não é proibido produzir, comercializar nem consumir carne de cavalo no Brasil. Como disse antes, é somente uma questão de cultura pela figura do animal e preconceito religioso das religiões cristãs, assim como na Índia a vaca é sagrada e aqui a penetração na culinária é quase que imperceptível.
E vocês, o que acham?