Amanhece o 20 de Setembro. Porto Alegre tem céu azul depois de uma semana onde as intempéries castigaram o pago e a fumaça dos churrascos enseja nuvens de fumaça pelas graxas das carnes queimando a despacito. O cheiro de um bom assado exala por todas as ruas, da Zona Norte ao Guaíba. Enquanto trafegava na avenida Ipiranga e cruzava a ponte do Azenha, onde o tal evento histórico teve início, mais gaúchos defumavam a atmosfera da capital com suas costelas e picanhas.
E dali ganhei a estrada com cismas de parar em uma churrascaria pra comer uma costela. Feriado, gaúchos comemorando a semana farroupilha e um dia bonito pra se almoçar em família, as churrascarias estavam todas lotadas. Deixei o carro com o manobrista, peguei uma senha e esperava uma vaga no restaurante do Menino Deus. Já era por volta das 15h quando vagou uma mesa, sentei e começou minha aventura carnívora na Churrascaria Freio de Ouro.
Com o passar da hora, a fome véia pediu uma entrada reforçada. Pãozinho que é servido no buffet de pratos quentes, salsichão (como os gaúchos chamam a linguicinha) e coração de galinha muito bem temperado.
Logo em seguida cumpri o protocolo que sempre prego: nunca aceitar a picanha de primeira. Os garçons que servem picanha se acham o máximo por isso, enquanto os da costela e do cupim ficam lá, cabisbaixos. Quando ele ostentou aquele estandarte do mal na minha direção eu voltei com um “agora não, obrigado! cadê costela?”. Creio que estabelecer prioridades é o segredo do sucesso na vida de um homem.
Comi uma maminha ao molho de alho buena por demais. Carne macia, suculenta e bem temparada no sal, com este molho de alho que, pasme! não era muito forte. Não que gosto de alho seja ruim, mas não dá pra estragar o paladar ainda no primeiro tempo quando o jogo ainda está quente.
Outro protocolo que eu não poderia ter quebrado é o de não comer pratos quentes numa churrascaria. Sabe como é, eu penso que você tá lá pela carne, não vai querer se empanturrar de lasanha bolognesa ou arroz com feijão. Mas a polenta dos caras é fenomenal. Não dá pra não experimentar.
E eis que ela chega. A incrível, a inigualável, a mais saborosa de todas, o churrasco original, a representação divina no plano físico… a costela! E não é a costela comum, é uma costela que fica assando em fogo brando por muitas horas, assando bem devagar, transformando sua gordura em fumaça dos deuses e hidratando a carne e só de escrever este parágrafo já tenho um manancial na boca.
A costela é que nem o sushi, não há quem goste mais ou menos. Ou você odeia ela ou você a ama, idolatra e quer emoldurar esta foto e pendurá-la na parede da sala. Quem não usa como justificativa a gordura, quem gosta simplesmente sabe ser feliz.
E depois desta explosão de felicidade proporcionada pela costela, até aceitei um pedaço de picanha. Na foto parece que ela tá mal passada, mas ela está no ponto, no vermelho exato do ponto de uma boa carne. E com aquela borda de gordura característica e bem tostadinha.
A Freio de Ouro oferece outros tipos de carnes, evidentemente. Todas elas muito bem apresentadas e no ponto certo. Senti falta apenas da paleta de ovelha, que constava no cardápio e não vi passar, talvez pela hora ou pelo movimento. A casa estava cheia.
E por falar em casa cheia, parabéns pelo atendimento! Em nenhum momento este foi um motivo pra que os garçons demorassem na entrega de alguma bebida ou as carnes demorassem a serem servidas, pelo contrário, além de muito prestativo e gentil, o serviço é bastante rápido.
Finalizei este excelente almoço no buffet de sobremesas, que enche tanto os olhos quanto os assados. Desde os mais tradicionais como a ambrosia, doce bastante comum no Rio Grande do Sul, como mousses de chocolates, tortas e bolos.
O rodízio, com sobremesa incluída, custa R$31 por pessoa. E eu recomendo fortemente a visita!
Churrascaria Freio de Ouro
- Endereço: Rua José de Alencar, 460. Menino Deus, Porto Alegre.
- Telefone: (51) 3029 -5857
- Horário: de segunda à sábado das 11h30 às 15h, e das 19h a 0h. Domingo das 11h30 às 16h.
- Aceita cartões: sim
- Estacionamento: sim
- Wifi: sim
Herege. Fosse numa churrascaria gaucha e não comesse sagu?
Humpf
Sagú eu como em casa.