Os lugares e suas memórias

Quando um empreendedor vai tirar do papel o seu projeto de restaurante, bar, lanchonete ou uma carrocinha de cachorro quente que seja, ele tem condições de mensurar alguns fatores que serão preponderantes para o sucesso ou fracasso do estabelecimento. Ele pode estudar se o ponto é bem localizado, se aquela região carece do que ele quer vender, se o que ele está disposto a oferecer realmente pode se destacar na concorrência ou de alguma forma complementar a oferta; ele pode pesquisar fornecedores para diminuir custos e ser diferente no preço, pode fazer um ambiente temático como fator diferencial de negócio, vai inserir ali os seus valores e o seu ideal; deve perceber se o potencial é bom ou se tem mão de obra, enfim… ele tem como calcular quase tudo no que se refere a possível fidelidade de um grupo de possíveis clientes rentabilizando o seu negócio.

Vista do pier do Chef Fedoca - Lagoa da Conceição
Vista do pier do Chef Fedoca - Lagoa da Conceição

O que ele não pode prever é o que toca a motivação individual de cada cliente, o que o difere da massa e o faz se apaixonar ou criar uma relação de ódio com o seu restaurante. E sim, é óbvio que isso é bem subjetivo, mas eu não prometi nas linhas acima que isso seria um tutorial de como abrir seu próprio restaurante. Falo desse misterioso elemento surpresa que ninguém pode colocar no papel ou apresentar pra um grupo de investidores como fator determinante de sucesso, porque experiências boas e ruins são, mais das vezes, completamente inexplicáveis.

O que te leva a gostar de uma churrascaria beira-de-estrada e odiar uma cozinha requintada, além de experiências boas e ruins que você teve lá?

Quarteto Banho de Lua tocando no Black Swan
Quarteto Banho de Lua tocando no Black Swan

A música que estava tocando no momento, o cheiro daquele prato que relembra a infância na casa da sua avó, o tempero da mãe, aquela moça linda da mesa do lado que fez seu coração bater mais forte por uma noite, uma gentileza de um garçom num dia de bom humor, o primeiro jantar que é repetido todos os dias dos namorados, há 10 anos, ininterruptos…

Ou também o negócio que foi mal feito na mesa daquele bar, aquele porre que você lembrou durante o 3 dias seguintes (maldita azeitona na taça de Martini), o fora que você levou (ela nem era tão bonita mesmo, né?)…

Levanto essa questão porque fazemos algumas análises “técnicas” como “críticos de culinária” aqui quase todas as semanas. Falamos bem ou mal do atendimento dos restaurantes das nossas cidades, se a comida estava boa, se o banheiro era limpo… mas nunca levamos em consideração das experiências emocionais que temos com os lugares e é o que, de um jeito ou de outro, nos faz ignorar aspectos negativos e enaltecer os positivos.

O post não termina aqui e eu gostaria de saber de vocês aí nos comentários: por qual restaurante/bar/lanchonete você é apaixonado? por quê?

6 thoughts on “Os lugares e suas memórias

  1. Eu sou apaixonada pelo restaurante do CAFÉ CANCUN.

    O Café tinha dois restaurantes em Goiânia. Um no shopping e outro chamado pátio Café Cancun, nesse que eu ia.

    Nessa época (2004) eu ia para o Pátio de terça a domingo. Eu e a Thayse. Éramos amigas de todos os funcionários.

    Chegávamos mais cedo tipo 8 pm, jantávamos e ficávamos até umas 22 – 23h nos dias sem movimento.

    Domingo almoçávamos e iamos até os pés deixarem.

    Nem tinhamos muitos amigos.. na verdade iamos nos divertir com nossos amigos que estavam trabalhando.

    Era divertido.

  2. A CANTINA ZABOT FOI UMA DAS ÚLTIMAS COISAS BOAS QUE APRESENTEI AO MEU PAI, NA VERDADE DESCOBRIMOS JUNTOS EM 2009, MESES ANTES DO MEU VELHO FALECER DEVIDO AO CÂNCER.

    O BAR IEGA, PRÓXIMO DA UFSC, ME TRAZ LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA – ERA O PONTO DE REFERÊNCIA DA CASA DA MINHA MELHOR AMIGA DO COLÉGIO – E DA FACULDADE – MEU NAMORADO NA ÉPOCA DIZIA QUE ME PEDIRIA EM CASAMENTO ALI.

    OUTRO LUGAR DE QUE GOSTO MUITO MAS NEM TODO MUNDO CURTE É O VIDEOKE CANTINHO DA FAMA, NO KOBRASOL. FOI LÁ QUE EU E MEU NAMORADO @MARCELOVARDA DEMOS NOSSO PRIMEIRO BEIJO.

  3. Sinto isso quando vou ao “Restaurante das Cucas”, na Barra do Ribeiro – RS.
    Desde que me conheço por gente e vou visitar a família em Pelotas, passamos por este restaurante de beira de estrada que tinha o melhor ‘A la minuta a parmegiana’ de todos (na minha opinião, claro).

    Quase 25 anos depois, o prato já não é o mesmo, nem continua baratinho e muito menos manteve o tamanho original (três pessoas comiam 1 a la minuta tranquilamente, enquanto hoje ele serve 1 pessoa sem muita fome), mas aquela comida continua com um sabor tãooo especial que quase sempre atraso o horário de almoço pra que consiga comer lá!

    Sem dúvida isso se deve as lembranças de todas as viagens ao Rio Grande 🙂

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